Poetas MiRaZé

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Camila, Raimundo, Vandei (Zé)

domingo, 10 de outubro de 2010

A Menina Sem Nome

A menina nasceu sem nome. E como sua mãe já estava tão acostumada com a dor, não notou que a dor era de parto.
E de tão acostumada com a solidão, nem pensou no nome que daria à menina, então não deu nenhum.
Menina foi crescendo assim: sem nome, confusa, sem saber direito o que era...
Ás vezes menina se confundia com os bichos que moravam com ela. O cachorro Zébedeu, a cadela Lili e o gato Galego.
Todos tinham um nome. Aos poucos Menina foi aprendendo que tudo tinha nome. Tudo tinha um lugar no mundo.
Casa, Carro, Árvore, Céu, Pássaro, Borboleta, Flor, Chão, João... E foi querendo ter um nome também,
mas estava tão acostumada a ser sem nome, que não sabia dizer que nome tinha que ter.
Às vezes menina sonhava que morava na lua e conversa com as estrelas. Numa língua que só estrela entendia.
E Menina dava um nome a cada uma delas. Tinha a Carolina, a Estela, a Dalva e a Luzia. Todas elas tinham nome.
Um dia, Menina perguntou à Mãe por que não tinha nome, mas ela respondeu chorando.
 Aos poucos foi entendendo que talvez porque Mãe não tivesse nome, não achasse importante dar nome à Menina.
Mas Menina precisa de um nome, de um nome só seu. Menina queria ser única. Um dia Mãe morreu, e Menina ficou sozinha.
 E, descobriu um nome que até aí não conhecia: S O L I D Ã O. Menina, sozinha, viu a vontade de ter um nome crescer.
Menina decidiu que era hora de ir embora, e foi. Precisava encontrar seu canto, seu nome.
Então, Menina aprendeu a ler e escrever. E ficou feliz, pois lendo descobriu um monte de nomes.
Aprendeu outras tantas coisas e viu o mundo ficar grande diante dela. Um dia, Menina descobriu num livro seu nome.
Era um lindo nome. Significava tudo o que ela era. Esperar o que deseja. Confiança em conseguir o que se espera...
Então, menina passou a chamar Esperança. Esperança encontrou seu lugar, seu mundo.

Camila - 2009


E passando ao largo do cemitério, aonde jaziam os restos mortais do tio, ele teve a hombridade de lembrar a si mesmo: a gente não é nada.
Raimundo
2009


Diabo é o nome que o ser humano dá a tudo aquilo que faz de desumano e não tem coragem de assumir.
 Raimundo
2009

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