No balanço do trenzão.
Durmo, acordo, já é mais uma estação,
Levanto, to no banco cinza, falta de atenção.
Cento, durmo, finjo uma oração.
Chiclete um real, traident um real, perco a concentração.
Meu vizinho lê auto-ajuda e eu poesia na mão,
Peço ajuda ao meu vizinho, qual a próxima estação?
“Senhores passageiros um minuto de sua atenção, meu filho tem uma doença grave, problemas no coração”.
Fecho os olhos pra não ver, a realidade do irmão.
Mão no bolso pra ajudar,
“Desculpa, hoje eu não tenho não”.
Chocolate um real, suflear um real, só aqui na minha mão.
A mina do lado passa mal, chega a cair no chão.
A tiazinha grita: “È sistema nervoso, gravidez ou pressão”.
“Moço não empurra, quer sentar? Digo, não.
“Moço não empurra, cuidado com a marmita, tem ovo, tem feijão”.
A galera do telemarketing ta naquela falação,
Fala do cliente, fala da P.A. e da falta de educação.
2,90 que abuso, pra andar nessa confusão!
Não aceito, vamos reclamar, vou fazer manifestação.
“Senhores passageiros, teremos, greve, haverá paralisação”.
“Que absurdo”! Grita o tio, “trem parado, não dá não”.
Penso eu vendo a cena, que puta contradição.
Já misturou tudo, opressor, oprimido, oposição e situação.
“Amendoim crocante, só aqui na minha mão”.
Empurra, vai descer, empurra, vou fazer baldiação.
Mais um dia amassado no balanço do trenzão.
Seu Zé
Nenhum comentário:
Postar um comentário